tag:blogger.com,1999:blog-76725682024-02-08T19:39:46.561+00:00Conquistadores de AlmasExtractos de todos os capítulos do livro com este títuloPinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152173373854316342006-07-06T09:09:00.001+01:002010-04-08T13:26:52.062+01:00Das origens ao movimento estudantilFoi no liceu Camões, dos 15 para os 16 anos, que comecei a despertar para as questões políticas. Passei todo o ano lectivo vivendo em Queluz e indo todos os dias para Lisboa. Aqui, além do contacto com a Filosofia me agudizar as angústias existenciais que já trazia, conheci um certo embrião de movimento estudantil, que aproveitava as aulas de Moral, de Filosofia e de “Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152173271980983612006-07-06T09:07:00.000+01:002006-07-06T12:21:19.563+01:00Do movimento estudantil ao marxismoFinalmente a Direcção resolveu lançar-se no trabalho de massas e en­viou um dos seus elementos, o Rui Hen­ri­ques, para orientar os associa­tivos do 1º ano. Não conse­guindo dar ao Movi­mento Asso­cia­tivo, como movi­mento de mas­sas, a tal alternativa re­volucio­nária de­duzida em teoria da nova de­finição de Demo­cra­tiza­ção Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152173108588781232006-07-06T09:04:00.000+01:002006-07-06T12:21:50.163+01:00Do marxismo à descoberta da OrganizaçãoNo início de Fevereiro o Carlos António, após uma reunião de as­so­ciati­vos, abor­dou-me e pergun­tou-me se eu que­ria tra­balhar po­liti­ca­mente fora da As­sociação.O Carlos era um indiví­duo de má ca­tadura, franzino, baixinho, com man­chas na cara, apagado como líder e com dificuldades em falar em público, bastante auto­ritário e anPinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152172939330919462006-07-06T09:02:00.000+01:002006-07-06T12:22:18.730+01:00As franjas da OrganizaçãoOra o “Viva o Comunismo!” dos CCRM-L considerava que o Par­tido Comu­nista Portu­guês fora sem­pre um Par­tido revisi­onista, veicu­lando a ide­o­logia libe­ral no seio do operari­ado, não pas­sando assim de um agente da bur­gue­sia, e que isso resul­tava ci­entificamente de causas infraestru­turais, a saber a fraca industri­Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152119740388880962006-07-05T18:14:00.000+01:002006-07-06T12:22:52.086+01:00A implantação na classe operáriaOra a Standard Electric do Filipe era uma fábrica que construía rádios e de­pen­dia da ITT, o que a tor­nava muito conhe­cida. Tinha duas sec­ções: uma em Lisboa, com centenas de traba­lha­do­res, e outra em S. Gabriel de Cas­cais, com alguns milha­res.Além de uma secção de escritórios, em que o PCP possuía im­plan­ta­ção, e da administração, a Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152119189038544682006-07-05T18:04:00.000+01:002006-07-06T12:23:26.923+01:00O comité "Luta Popular"O João Vieira Lopes apresentara-se-me como membro dos CCRM-L no dia 30 de Se­tem­bro, no meu quarto da casa de Queluz. Avi­sou-me com gra­vi­dade que se fossemos presos possi­vel­mente a PIDE nos re­serva­ria penas de pri­são bas­tan­tes longas e con­vidou-me a in­gres­sar, o que me deixou mui­tís­simo emocio­nado e or­guPinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152118278869787502006-07-05T17:49:00.000+01:002006-07-06T12:24:01.836+01:00A intervenção no movimento estudantilEste círculo de admiradores começou a desenvolver-me o gosto pelas cita­ções livrescas, o espírito inquisidor relativa­mente aos “desvios” doutriná­rios dos outros e o prazer de me sentir adu­lado pelos mais novos e res­pei­tado pelos ele­mentos dos outros grupos.Convivia também bastante com associativos temperados, como o Al­cobia, o Fer­nando B., o Bran­Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152118131737669742006-07-05T17:47:00.000+01:002006-07-06T12:24:41.573+01:00As prisões de Agosto e Setembro de 1972No dia seguinte ao da partida para França do João Vieira Lopes e da sua namorada, a 9 de Agosto de 1972, houve uma vaga de prisões da PIDE que levou al­gu­mas deze­nas de antifas­cistas. Entre estes, dois ti­nham sido mem­bros da Di­rec­ção de Vieira Lopes na Associa­ção do “Técnico” em 1970/71, os enge­nhei­ros quí­mi­cos Rui Henri­ques e Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152118036788589482006-07-05T17:46:00.000+01:002006-07-06T12:25:23.433+01:00O comité "Luta Operária Consciente"Entretanto, como baptismo do novo comité e de certo modo como res­posta às pri­sões com que a PIDE estava a fe­rir os CCRM-L, em fins de Agosto pro­ce­demos a um espalha­mento de pan­fletos na Venda Nova. E, de ma­drugada, com o céu de Agosto limpo e já dia às 6 ho­ras da ma­nhã, antes da hora de en­trada dos trabalha­do­res es­palhá­mosPinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152117916321531982006-07-05T17:44:00.000+01:002006-07-06T12:25:55.073+01:00O desânimo por todos os fracassosA primeira constatação que lamentavelmente tinha de fazer é que a Orga­ni­za­ção não funcionava, de facto.Em quinze meses de militância recebera um único relatório de con­trolo, mas nem mesmo nesse houvera qual­quer orientação para os problemas práti­cos que nos iam surgindo. O meu relató­rio do Natal de 1971 ti­nha fi­cado sem qualquer res­posta meses a Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152117827034304742006-07-05T17:43:00.000+01:002006-07-06T12:26:25.943+01:00A contestação à direcção da organizaçãoDois novos factos vieram entretanto reforçar o descrédito polí­tico da Di­rec­ção perante os nossos Comités: os comunicados publicados pe­los CCRM-L sobre o as­sassí­nio de Amíl­car Cabral e sobre as prisões de Agosto-Se­tem­bro de 72. Amílcar Cabral foi assas­sinado em Co­na­kry em Janeiro, e o jul­ga­mento em Tri­bunal Ple­ná­Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152117703560869522006-07-05T17:39:00.000+01:002006-07-06T12:28:30.203+01:00Em desespero de causaO João Pedro alugara, com a namorada, uma casa no Algueirão, sem água, sem luz, sem mo­bília, onde tinha reu­ni­ões semi-legais de ca­rácter asso­cia­tivo com um grupo de estu­dan­tes do liceu de Sin­tra, ac­tivistas políti­cos onde a sua irmã Cris­tina era a figura proemi­nente. Ora o João Pedro pôs-me a casa à dispo­sição e por isso Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152117571751344022006-07-05T17:37:00.000+01:002006-07-06T12:29:00.990+01:00Os ultimos contactosO pacote trazia três circulares sem grande importân­cia; porém, a Di­rec­ção re­sol­vera iniciar a edi­ção de um jor­nal interno que substi­tuísse as cir­cula­res, permi­tindo a expansão da discussão in­terna. O “Van­guarda Comu­nista”, as­sim se cha­mava esse bole­tim, continha um ba­lanço da ac­tivi­dade da Orga­Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152089414307175812006-07-05T09:47:00.000+01:002006-07-06T12:29:41.053+01:00A prisão pela PIDE e a espera + A violentaçãoEram dezoito horas do dia 30 de Abril de 1973 quando rodei a chave da porta de casa e de­parei com o meu ir­mão, a mi­nha mãe, a mi­nha avó e… seis agen­tes da PIDE! Ou, mais exacta­mente, quatro agentes. Os outros dois esta­vam nas imedia­ções ex­teriores da casa e en­tra­ram logo a seguir a mim, cor­tando-me a re­tirada. Um deles saíra do pré&Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152089253156613512006-07-05T09:44:00.001+01:002010-04-08T13:57:42.462+01:00A conquista das almasE assim, naqueles dias 23, 24 e 25 de Maio, a PIDE, a minha terra natal e os meus pais, surgiam-me fundidos num todo. Ofereciam-me amor em troca do retorno à casa paterna que eu renegara três anos antes. Perdoavam-me ter-me oposto aos meus pais, aos amigos de infância, a todos os que me amavam e de quem, surpreendentemente, eu afinal sentia tanta culpa por ter combatido. Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152063528342176052006-07-05T02:34:00.000+01:002006-07-06T12:30:51.473+01:00Os demónios ideológicosEm princípios de Fevereiro, porém, e a poucos dias da data mar­cada para o jul­gamento, o João Pe­dro foi le­vado de novo para o isola­mento e daí para inter­rogató­rios. Desconhe­cia-se o motivo, mas como aquilo era ilegal, uma vez que ele já estava supostamente entregue ao Mi­nistério da Justiça, todas as celas se barri­caram ime­diata­mente e Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152063236803147032006-07-05T02:32:00.000+01:002006-07-06T12:31:26.260+01:00O julgamento e a revoluçãoO julgamento prosseguiu na quinta-feira seguinte, dia 21. Falaram os advo­ga­dos, que pediram a absolvição dos seus constituintes no caso do Rui e do Filipe, ou que fizeram ver o valor do réu no caso do João Pedro, e o meu, que pediu a atenção do tribunal para a minha von­tade de ser “reinte­grado na so­cie­dade”. Fi­nal­mente à tarde os juízes leram a sentença. Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152063066798199712006-07-05T02:29:00.000+01:002006-07-06T12:32:00.650+01:00A legitimidade revolucionáriaEram 11 horas da manhã do dia 17 de Outubro de 1974 e a minha mãe tinha posto o al­moço ao lume, quando dois homens no­vos à pai­sana bate­ram à porta e per­guntaram por mim. Mostrando-se sim­pá­tico, um deles disse-me que que­riam que os acom­pa­nhasse para es­clare­cer uns as­suntos ocorri­dos durante a minha prisão pela PIDE.Dado o ar Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152062943654676792006-07-05T02:27:00.000+01:002006-07-06T12:32:58.836+01:00As prisões da revoluçãoEmbora não parecesse um homem de acção, Gagean era um ho­mem respei­tado pelos agentes da PIDE e por Mú­rias. É que sabia-se que a “super-PIDE” fora o orga­nismo de Santos Costa e Salazar para espiar os pró­prios diri­gen­tes da polícia política, cuja venali­dade não só os levava por vezes a aboleta­rem-se com o di­nheiro do saco azul desti­nado aos Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-1152062822201359792006-07-05T02:24:00.000+01:002006-07-06T12:33:31.646+01:00A reconquista das almas e o fim da revoluçãoDaí em diante viveria os longos meses de prisão que ainda me es­pe­ra­vam com o coração na situa­ção simé­trica da vivida na prisão ante­rior: por fora, para os com­panheiros de prisão, aparentava dis­cor­dar como eles da revo­lu­ção em curso, mas no íntimo identifi­cava-me de alma e coração com ela, em particular com a UDP em que militavam agora osPinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7672568.post-10407217170451099072006-07-05T01:32:00.006+01:002011-06-28T10:46:15.646+01:00Resposta a José Manuel FernandesA propósito de “Conquistadores de Almas”, livro de que sou autor, foram abundantes as apreciações em jornais e em blogs, quase sempre positivas. No entanto, recentemente manifestaram-se algumas apreciações de ex-maoístas de militância contemporânea da minha, originando um debate que tem tido em José Manuel Fernandes (JMF) o principal protagonista.Como mostrarei no seguimento, o acinte Pinto de Sáhttp://www.blogger.com/profile/07236403685335368416noreply@blogger.com0